Obras de Beneficiação na Escola Secundária Júlio Dinis - Entrevista a Eng. José Pinto e Arq. Sara Correia de Sá
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Esta entrevista teve o intuito de informar a comunidade educativa sobre o processo da beneficiação da Escola Secundária Júlio Dinis, uma empreitada no valor de 1.870.260,27€ + IVA, que envolve financiamento comunitário, autárquico e do governo central.
Quais as fases previstas para a obra?
Arquiteta Sara Correia de Sá (SCS): A obra tem 3 fases: a primeira iniciou-se em março, está decorrer atualmente e acaba em junho. A segunda fase prossegue ainda no edifício das salas de aula e vai de julho a outubro; os últimos 3 meses são para o pavilhão gimnodesportivo. Paralelamente vai-se trabalhando nos arranjos exteriores na escola toda.
Nesta altura, como está o cumprimento da calendarização?
Estamos um bocadinho atrasados; talvez essa compensação venha a ser feita no período de férias. A responsabilidade recai no ministério porque ficou de fasear a parte dos bastidores e estamos à espera, pois não queremos ser nós a mexer nisso. Sem bastidores a escola não funciona. Estamos à espera desde o dia 28 de março. Temos notícias de que o ministério vem à escola no dia 21 de maio. [entretanto, já concluído]
Esta é a obra “possível” ou a obra desejada pela comunidade?
Eng. José Pinto (JP): Em primeiro lugar, devo dizer que é um prazer enorme ter-vos aqui; acho que o vosso envolvimento é fundamental. Estamos a fazer esta obra para vocês, para a comunidade escolar, para tentar dar melhores condições. A obra é a obra possível porque tínhamos a grande baliza da verba. Ela é comparticipada a 85% por fundos comunitários; 7,5% pelo ministério da educação; e os restantes 7,5% pela Câmara Municipal. Inicialmente havia projetos de alteração profunda a nível das fachadas, com novos volumes, que não foi possível concretizar face à verba disponível.
Quais foram as prioridades na conceção do projeto?
JP: A elaboração do projeto assentou em quatro premissas:
1ª: segurança – dotar o edifício das condições de forma a cumprir as normas e as regras da segurança contra incêndios. Por exemplo, na zona envolvente aos laboratórios, apesar de não estar previsto, tivemos de fazer uma escada exterior, cumprir distâncias de segurança, portas corta-fogo, sinalizadores, etc., num projeto que foi aprovado perla autoridade nacional de proteção civil.
2º ponto: eficiência energética: como já tem alguns anos, o edifício tinha alguns problemas de eficiência energética. Já foi colocado o capoto na envolvente nas fachadas, as caixilharias vão ser substituídas, por caixilharias térmicas e vidro duplo, vai ser colocada lã de rocha na cobertura, as lajes planas vão levar sistema ETS (com isolamento térmico). O objetivo é que o edifício seja mais quentinho no inverno e mais fresquinho no verão.
Outro ponto é a questão das acessibilidades. Há muitos obstáculos, escadinhas, desníveis. Um dos grandes objetivos foi limpar todo o sistema de vencimento de desníveis e conceder espaços que permitam que as pessoas com mobilidade reduzida consigam andar facilmente dentro no espaço escolar.
4ª premissa: requalificação de todo o edifício, dando-lhe outra linguagem. Já se vê no corpo que está a ser intervencionado que a escola vai ficar diferente, apesar de ser o mesmo volume. O edifício tinha muito cortes e recortes, “levantadinhos”, com amarelos e brancos. Vamos dar outras características à estética da escola para a tornar um edifício mais bonito, mais sóbrio.
Tendo em conta as premissas que referiu, pode dizer-se que há uma prevalência do funcional relativamente a parte estética?
JP: Sim. Tentamos mexer na parte estética por forma a conceder ao edifício uma linguagem mais agradável, mas, tendo em conta as balizas de que falei antes, o que esteve na base foram as questões de segurança e de acessibilidade e eficiência energética essencialmente.
No final das obras, haverá mais salas de aula? Pode quantificar?
JP: Não, mantêm-se praticamente as salas iniciais.
Em termos mais detalhados, quais são as mais-valias mais notórias da obra.
JP: As mais-valias assentam realmente nos pontos que referi antes, principalmente na questão térmica. Houve também uma reformulação da distribuição interna dos espaços. Houve um envolvimento muito grande da direção do agrupamento, que conhece bem o funcionamento da escola e nos ajudou muito na elaboração do projeto. Havia espaços grandes que não estavam a ser aproveitados, com essa reformulação vamos ter um edifício muito mais prático de usar no dia a dia do que era antes.
No que se refere ao gimnodesportivo, quais serão as melhorias?
SCS: O pavilhão está muito degradado. Verificámos que o edifício cedeu, chove lá dentro, há necessidade de melhorar a segurança, por isso vai fazer-se um acesso exterior. Será uma intervenção mais a nível estrutural, dado o estado de degradação em que se encontra.
Relativamente à biblioteca escolar e tendo em conta que se trata de uma escola secundária, houve preocupação com as dimensões do espaço, com reforço de internet, melhor conforto?
SCS: Esses recursos serão implementados: Internet, luminosidade e conforto, sem dúvida. O sítio da biblioteca fisicamente passa a ser outro, no piso -1, com acesso por uma galeria que antes não era acolhedora. A galeria vai ser toda envidraçada, com outra luminosidade, e a biblioteca passa a ter uma dimensão maior, possivelmente não a que se pretendia, mas a que nós conseguimos.
Saliento que a ampliação propriamente dita é feita no refeitório, que se trata de um elemento novo.
Depois desta intervenção, fica algo por fazer, há margem para uma nova qualificação, podemos continuar a propor projetos para novas intervenções?
JP: Quando se termina uma obra, há sempre algo por fazer, mas temos consciência de que o edifício vai ser outro, muito mais agradável. A melhoria mais acentuada vai ser na eficiência energética. Na primeira vez em que fui à escola, na parte dos laboratórios, entrei numa aula e reparei na quantidade de roupa que os alunos tinham. Os cabides estavam vazios e os alunos tinham a roupa toda vestida porque realmente estava muito frio. A meio da manhã estava mais frio dentro do edifício do que cá fora. Com a nossa intervenção, o comportamento térmico do edifício vai ser outro e as aulas vão ser muito mais agradáveis.
Está provado cientificamente que para nós termos rendimento no nosso trabalho devemos estar com uma temperatura entre os 18 e os 21 graus. Em dias em que, se calhar estão 5 graus na sala, o rendimento não é o mesmo nem para os professores nem para os alunos.
15-05-2019
Por: Francisca Arala Chaves e Maria Brás
Com Maria João Cartaxo